Acredite se quiser: o preço da platina está se aproximando rapidamente do da prata — e já há quem se pergunte se, um dia, ela poderá alcançar o ouro. Embora isso ainda pareça improvável, o metal está em franca ascensão, com ganhos consistentes que vêm chamando a atenção do mercado.

Segundo a Bloomberg, a prata estendeu sua valorização no fim da última semana, atingindo o maior patamar em 13 anos, enquanto a platina alcançou seu valor mais alto em mais de dois anos. O movimento reflete o crescente apetite dos investidores por metais preciosos com alto valor industrial, como a prata e a platina.

Vale lembrar que a prata é amplamente utilizada na fabricação de painéis solares, enquanto a platina é essencial em catalisadores automotivos e equipamentos laboratoriais. Em 2025, ambos os mercados podem enfrentar escassez, após anos em que a demanda superou a oferta.

Na sexta-feira, 6 de junho, o preço à vista da prata chegou a subir 4,5%, após uma série de ganhos recentes. A platina também avançou, com alta de 1,7%.

Os fundamentos estão cada vez mais sólidos, reforçando o impulso técnico. De acordo com Nicky Shiels, chefe de estratégia de metais da MKS PAMP SA, a demanda por prata segue robusta na Índia, enquanto o interesse pela platina volta a crescer na China.

O ouro, tradicional porto seguro em tempos de incerteza geopolítica, subiu mais de 40% no ano passado, impulsionado pela escalada da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e por fortes compras de bancos centrais. Já a prata (+19%) e a platina (+13%) ficaram para trás, refletindo sua maior sensibilidade à demanda industrial.

Shiels destaca que, se a prata conseguir se manter acima dos US$ 35 por onça, isso pode marcar um ponto de inflexão e atrair ainda mais o investidor de varejo. Um aumento nos ETFs de platina, combinado com novos aportes em fundos lastreados em prata, poderia desencadear um rali mais amplo.

Enquanto isso, o ouro continua a cumprir seu papel de proteção geopolítica. Com valorização de 40% no ano passado, o metal voltou a superar seus pares industriais — e segue se beneficiando da tempestade tarifária provocada por Trump e da contínua acumulação por parte dos bancos centrais.